sexta-feira, 14 de maio de 2010

Desconsolo

O conto a seguir foi finalizado em 11 de agosto de 2004.


Para Ingrid,
efêmera gaivota – requiescat in pace.
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‘Contra o mal-estar que pode haver em se encontrar nu, o sexo exposto, nu diante de um gato que nos observa sem se mexer, apenas para ver. Mal-estar diante de um tal animal nu diante de outro animal, assim, poder-se-ia dizer um estado de animal-estar: a experiência original, única e incomparável deste mal-estar que haveria em aparecer verdadeiramente nu, diante do olhar insistente do animal. Um olhar benevolente ou impiedoso, surpreso ou que reconhece. Um olhar de vidente, de visionário, ou de cego extralúcido’
Jacques Derrida, ‘O animal que logo sou’
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O cão acorda com fome e uma coceira desagradável, mas não sabe precisar exatamente em que lugar de seu corpo. Com sono ainda, espreguiça sem pressa até ouvir estalar, surpreso, alguma junta misteriosa. Está velho, o hálito podre, os olhos opacos. Suspira longamente; já amanheceu. Ajeita-se bem em sua cama improvisada há muitos anos com um edredom usado e fica sentado, estático, com o olhar fixo na direção dos quartos, escuros e silenciosos.


Quinze minutos depois, começa a ficar preocupado porque ninguém aparece para abrir a porta da rua, e precisa sair com urgência. Sua agonia fica maior quando um vento frio lhe assalta o ventre e faz com que seja quase insuportável não se entregar ao alívio sobre um vaso de gerânios, ou nas rodas do carro de seu dono, ou onde quer que ache necessário. Este pensamento intensifica a vontade e resolve ir para detrás da mesa da sala. Ao se desvencilhar de um fio solto de sua cama, pisa no chão escorregadio e sente a falta do tapete. Mal estaciona no seu destino e uma carga de remorso desmorona sobre sua consciência. Olha ao chão, convidativo, olha aos quartos. Nenhum barulho sequer, nenhuma esperança de alguém aparecer, se há som não é de consciência, quem sabe um ronco. De tantos em tantos dias sempre ocorre este atraso indesculpável, e ele já não consegue segurar. Dá dois passos à frente, temeroso, ergue lentamente a pata traseira e faz uma poça de urina no chão – o reconforto repuxa as extremidades de sua boca, ele parece rir.


Coça o rosto com a pata de trás, mas mirou atrás da orelha. A pata está molhada agora. Suspira e se volta à sala, corre, ganha impulso – não que necessite – e salta no sofá, onde deita sem achar uma posição. Arrepende-se pela segunda vez nesta meia hora de vida, mas é macio o acolchoado, mas não suficientemente macio, e há qualquer coisa que cheira neste pano, qualquer coisa de convidativo. O cão tem vontade de cavar e cava. No começo cava lentamente, depois esquece qualquer resquício de culpa, e, enfim, percebe que há realmente um cheiro, indecifrável mas sedutor, vindo de dentro da estopa, da espuma, dos incontáveis lacres e panos sob o qual se espraia. Levanta as orelhas, tensionadas, põe a língua para fora para se refrescar, olha fixamente ao buraco que fez no móvel e geme: há um mistério a ser revelado imediatamente.


No início, o cão cava apoiado nas três patas, mas logo a empolgação toma conta de tudo e a rapidez exige não uma, mas duas pás-de-cavar para buscar pelo tesouro. Algo muito grande o espera no fundo deste baú que jamais foi aberto. Com o impulso de seu dorso, logo está quase mergulhando a cada gesto, sente-se um caçador em busca da presa encurralada, sente o suor, as palpitações de seu coração, e aumenta o ritmo, exibindo as costelas sob a pele e o pelo. Os olhos brilham, o focinho cria vida, farejador, perdigueiro – precisa cavar, está agradável cavar, agora o mundo se resume nesta atividade e nada pode impedir isto, exceto seu dono, mas ele dorme.


Lembra-se de Canhestro, e este é o nome daquele que o alimenta todos os dias, no momento em que o ronco se transforma em rangidos da cama. Alguém se movimenta – o cão pára de cavoucar e espreita: o barulho dos chinelos é inconfundível, neste momento os pés do dono devem estar a calçá-los, os dedos procurando as passagens com as quais se acostumou durante a vida, as juntas reclamando o peso do corpo, os olhos retornando ao trabalho de enxergar, o desembaçar da vista, os dedos procurando secreções notívagas na superfície do rosto, o pescoço a estralar, os suspiros, a saliva retornando ao seco da boca, a ressurreição dos gostos, dos cheiros, enfim, o estar-vivo. O dono está acordado, não há dúvida. Ele não pode ver o rombo no sofá, senão será o fim. Não pode ver a espuma fora do lugar, ainda que o cão creia estar mais confortável agora para sentar, mas talvez ele não saiba a diferença entre o sentar-humano e o sentar-canino. Mas o cão treme.
Treme, e deita-se – coloca a cabeça sobre as patas da frente, o rabo cai, os olhos estão brilhosos. Guarda a língua novamente, engole em falso e percebe: talvez o dono se incomode de vê-lo sobre seu sofá. Sente que não está onde deveria estar, mas não quer cumprir o ritual de todos os dias e ficar arranhando a porta quando o dono se aproximar, está sem vontade sair agora, mas não sabe por quê. Talvez porque prefira ficar aqui onde está somente, e nada mais. Decide que vai ficar dentro da casa hoje, porque está confortável. Lembra-se do buraco que está a cavar e seu coração se inunda de felicidade: este será um dia fabuloso.


Ouve os primeiros passos do ser humano que o alimenta, está a se dirigir a um outro cômodo, como faz todos os dias, regularmente, assim como o outro que vive nesta casa, uma mulher, a mulher do dono. Ela também cumpre os mesmos rituais do marido, mas depois dele. Quando ela acorda normalmente o cão já voltou de seu passeio e está a observar o dono a tomar café, o bom cheiro da manteiga, o pão. Vez ou outra recebe uma recompensa por aguardar com disciplina ao lado da cadeira, sem fazer ruídos. No outro dia esteve com muita vontade de receber um pedaço de queijo, mas precisou fazer ruídos, pois achou que, choramingando, a agonia seria menor e abocanharia mais rápido – mas não, o dono o castigou por perturbar a sua concentração e não deu nada. Sem dúvida se trata de um ser humano muito sábio e talvez muito superior a outros – inclusive ao cão.


Este, por sua vez, resolve descer do sofá, pois crê não ser agradável aos donos vê-lo ali, e tem razão, pois costuma ser castigado quando teima neste assunto. O território do cão é outro, e às vezes coincide com o território dos donos, mas este não, este é só deles e, pelo que pôde perceber, particularmente do dono, que ali se esquece com maior freqüência. Quando isto ocorre, é agradável ao cão deitar-se muito próximo, mas não com a cabeça sobre as patas, e sim de lado, com um perfil grudado ao chão e o outro para cima, esparramado. Nos dias quentes, pois nos frios isto não é possível porque ali é colocado um tapete, e o tapete é um dos territórios proibidos ao cão – assim como o sofá.


Uma vez descido, resolve ir até a porta, pois crê ser interessante ficar lá agora, e arranhá-la não deixa de ser uma boa ocupação, principalmente nos momentos de tédio. Quando o dono abre a porta do banheiro, fica instantaneamente feliz, porque sempre é uma alegria esta hora do dia. Ouve os passos e arranha bem a madeira, gemendo, ainda que não esteja com muita vontade de urinar – mas sair é uma perspectiva interessante, desejada. Porém, por algum motivo misterioso, o dono passa reto pelo cão. Talvez algum relampejo de vidência o tenha iluminado, pois daqui não é possível ver nada de extraordinário. Talvez tenha sido o barulho, ou o modo de agir do cão, mas o dono passa reto neste momento, sem sequer um afago, sem nenhuma expressão, senão um olhar desconfiado e até sóbrio.


O dono vê e volta para onde está o cão, que deita a cabeça sobre as patas, tensas, trêmulas. O rabo não consegue apontar mais para baixo, quase se enterra, mas o chão frio cria resistência. O coração palpita, a respiração cessa por um instante e as orelhas abaixam, apontando para trás, murchas, encolhidas, assim como todo o corpo: o cão está com medo e até mesmo arrependido, mas não sabe precisar por qual motivo exatamente. O dono, por sua vez, sente dentro de si um desconsolo, o sofá está velho mas foi caro, sua manhã foi seriamente perturbada e o sono jamais lhe significou um bem-estar dos ânimos. Está triste e talvez com raiva, de pé e teso diante do animal – um diante do outro.


É claro que o cão aguarda a sua sentença com um certo receio de vir muito severa, e assim será. O dono está a praguejar fortemente, porém não em um tom muito elevado – aproveita-se de sua voz de barítono bem audível ainda que falada como agora, baixinho. Talvez não pretenda despertar a dona, ainda é cedo – ou incomodar um vizinho; é sempre uma preocupação. Mas não passa de uma medida irrelevante ao cão que, ao receber o primeiro tapa, gane alto, quase um latido. O dono está a castigá-lo e não terá piedade, até vê-lo arrependido. Encolhido, retrai as patas e mostra os dentes, mas ambos sabem que não atacará. Deve receber o seu castigo senão silenciosamente, pelo menos sem maiores escândalos. Sabe, porém, o seu destino mais próximo: o dono o botará para fora e fechará por trás de si a porta, condenando-o a um vagar, depois a um ganir, depois a um implorar. Tem muita raiva do dono, não merecia estes tapas. Tem vontade de mordê-lo, vê-lo ferido. Mas nada faz senão latir uma, duas vezes, e retrair o focinho, exibir os caninos.


Em seguida, o dono o coloca para fora e fecha a porta, encarando-o. O cão anda devagar, sem pressa, avaliando as dores, mapeando os lugares que ficaram mais quentes devido à irrigação de sangue sob a pele, ofendida com as bordoadas. Onde o pêlo se torna ralo é possível ver os quase-hematomas. Nada de extraordinário, nada de insuportável. Diante dele, os gerânios. Resolve urinar um pouco mais sobre eles e consegue algumas gotas. Vira-se, cheira as folhas umedecidas e fumegantes, amolece o rabo e fica olhando para o teto, de onde vem o barulho de um avião – som surdo, distante, de vento que se quebra, de turbina, de eco. Responde com latidos a um outro latido duas quadras abaixo e ouve outras respostas. Dá-se por satisfeito do seu passeio – é hora de observar o dono comer e choramingar alguma recompensa, um pão, ainda que sem manteiga, ou um pedaço do bolo feito pela dona. Mas a porta está fechada.


O cão a arranha, naturalmente, mas ela não se abre. Empurra, mas o peso de seu corpo não é suficiente. Uma aflição o toma, pois não tem mais o que fazer aqui fora, precisa ver seu dono, está com fome. O cheiro de café que vem de dentro é inegável e aguça a vontade de entrar. O cão começa a latir e de dentro vêm repreensões. Mas os tapas já foram dados, sabe que não apanhará novamente. O dono abre a porta, mas não o bota para dentro – ameaça, aponta o dedo, está bravo. Na mão esquerda, porém, segura um pedaço de bolo. Latir continua, portanto, sendo necessário e parará somente por alguns instantes, até ouvir seu dono se sentar novamente na cadeira da cozinha. Quando ouve o arrastar da cadeira, volta a fazer barulho e é repreendido com uma voz mais alta, pois a mulher do dono acordou com a algazarra. Senta-se, inconformado, o cão.


Como se trata de um domingo, o casal continua na casa e o castigo é sensivelmente prolongado. Fosse qualquer outro dia, teriam de abrir a porta antes de irem embora, ou teriam de levar ao quintal o prato de água, o prato de comida, e não a caminha porque não está frio, talvez fresco, mas de maneira nenhuma frio. O cão percebe não estar sozinho: duas formigas passeiam em um movimento sinuoso, esquisito, incompreensível. A da frente carrega um pedaço verde de folha, como se fosse a própria crista, e a segunda a segue, como quem fiscaliza. Elas trombam nos pés dos vasos e seu movimento caótico cansa a vista do cão, que se levanta, não para matá-las, mas por um simples levantar, um andar sem rumo. Já não ouve mais os donos na cozinha. A dona está na sala, arruma qualquer coisa. O dono está no quarto, talvez leia um livro ou estude – qualquer coisa. O cão está solitário e decide, pela inúmera vez em sua longa vida, explorar os contornos desta parte da casa.


Ao se aproximar do portão, após um bocejo longo, acompanhado de um espreguiçar em arco côncavo, percebe algo de novo: na grade, formada por uma teia de arames bem dispostos, há a ausência de dois ou três cabos, talvez levados por um esbarrar do carro ao entrar na garagem, talvez obra de meses de oxidação, talvez esforço de um rato enorme que houvesse tentado transpassar o muro em busca de sobras de comida e teto. O cão observa a descontinuidade e ouve passos na rua. Os passos se prolongam, afastam-se, novamente se insinuam. E muito se parecem com os passos do dono – e talvez o dono esteja do outro lado do muro, ou, em outras palavras, talvez o muro o separe do pão, da manteiga, da recompensa. O cão, esgueirando-se, sente uma imensa felicidade em passar pelo vão, e passa, com algum esforço.


Ao passar, volta-se ao buraco, agora mais aberto devido à passagem do seu corpo, e sente calor. Põe a língua para fora, abana o rabo, sente-se bem disposto e parte em direção à rua de cima, até encontrar uma árvore, frondosa, antiga. Levanta a pata traseira e seu olhar se dirige ao longe, está compenetrado em comprimir sua bexiga, mas sai pouco. Sem conferir o trabalho, vai em frente, pois algum outro cão late, depois revira um saco de lixo, enfim urina em outros cantos e, horas depois, encontra-se cansado, já tem fome, a barriga retorce. O cão se senta e se aborrece com a displicência deste dia. Seu dono não vem, e vêm as pombas, dando rasantes pela calçada, gorjeando. A aparência burra das pombas, com seus pequenos olhos arregalados, o barulho que produzem, o ciscar contínuo, o andar sem nexo, mais a fome e o sono, o suor e a sujeira, irritam enormemente o cão e ele deseja que elas morram todas, deseja comê-las, mas não as alcança; é um cão-sem-plumas.


Caminha para longe delas, está numa rua com muitas casas e alguns moleques passeiam nas calçadas, um empina a pipa, a pipa sobe e voa, torna tesa a linha, insinua o peso do vento, a contramão. Ninguém o nota para além do necessário – não esbarram nele, mas também não focam o seu olhar em sua aparência cansada, não percebem as patas gastas, desacostumadas ao asfalto, ao áspero, mas sim aos azulejos, aos tapetes. O cão está entristecido e cansado, tem bastante fome em sua opinião. Continua, porém, muito curioso em relação aos guris e passeia entre eles com o rabo nem baixo nem alto, mas prevenido, as orelhas atenciosas, um passear de penetra, de estrangeiro. Passa e, como nada ocorre, não modifica seu caminho, mas segue, pois está bem assim.


Quando os músculos se retesam, resolve se sentar, mas não estirado, tampouco com a cabeça sobre as patas, mas se senta em uma atitude de espera, olhando aos lados. Ninguém vem de nenhum dos lados – cortaram a pipa do menino e ele teve de sair atrás dela, pelos telhados, pelas tabelas. O cão não sabe o caminho das tabelas, fica agoniado, está suado, as patas doloridas, uma sangra, as unhas estão mais curtas do que pela manhã. Ao lado do cão há um pequeno corcovado de lixo, mas não orgânico – entulho de uma casa demolida, ou talvez de um muro ou cômodo. Ajeita-se sobre um amontoado de papel e tenta não se incomodar com o barulho dos carros. Está cansado e dorme, mas pouco, pois alguém grita, um caminhão estrala, uma moto acelera, e a cidade não lhe permite o sono.


Está ao lado de um grande pedaço de espelho e se reflete nele, um cão no espaço de outro. Ao se virar ao espelho, estranha alguma profundidade, mas é incapaz de se reconhecer – não pela sujeira, mas o reflexo é o de um cão em uma rua residencial que não pode ser considerada de classe média, mas que mantém alguma dignidade. Não reflete mais os empinadores de pipa, mas sim o peso do acimentado da rua, uma senhora negra com uma sacola de feira de domingo, não saberia precisar se colorida ou não. O cão se vira para a rua e segue a mulher com seus olhos, e a mulher o observa, temerosa de alguma agressão, mas este cão está sereno, o rabo está relaxado, assim como as orelhas, o corpo projetado para frente, a cabeça um pouco de lado. Se reparar bem, a senhora notará o branco dos pelos do focinho, a pata dianteira um pouco elevada do chão, um olhar que se perde em um ponto em movimento.


Outros homens passam, e todos são igualmente percebidos pelo cão. Uns mais gordos, outros delgados. Pela primeira vez em sua longa vida este cão planeja de que modo atravessará a noite. Sente-se alheio às pessoas – algumas não o percebem e outras temem levar uma mordida. O reflexo do sol no vidro de um carro cruza seus olhos e ele desvia o olhar, pousando sua atenção em um homem de calça cinza, camisa preta, cabelos negros, sujo e com a barba por fazer, uma trouxa de roupas por trás de si. O cão cheira algo de desagradável, azedo, mas não se movimenta para além do necessário. O mendigo está a observar, e observa.


O cão rosna, há um limite a ser respeitado e, para além dele, é necessário conquistar alguma confiança. Levanta-se, pois o outro se aproxima, mas enfim param, um diante de outro, novamente, e o pedaço de espelho é testemunha disto – novamente neste mesmo dia está a observar, sem mais, alguém. Um observa ao outro, e os músculos do rosto do cão relaxam, e ele está enfadado, pois ninguém se movimenta. Olha a um lado, somente para ver, olha novamente ao outro, põe a língua para fora, respira alto. O mendigo funga e dá um passo à frente, o cão volta a rosnar. Ajeita a calça e também não deseja mais este estar-fixo, fica envergonhado pela continuidade deste olhar, esta confidência mútua não autorizada e se vira para a rua, caminha. O mendigo se vai e o cão fica.


Sobe nos entulhos, toma consciência da fome, da sede não porque tomou água em uma sarjeta, e agora está agoniado. Procura com os olhos qualquer coisa, está a escurecer. A vista esquerda é deficiente em relação à outra, que focaliza melhor o outro, afastando-se, e passa a se sentir vitorioso, instantaneamente viril. Late duas vezes, volta-se para ao lado do espelho e já não mais espera por ninguém, por nada. Está sozinho e se encontra pensativo neste momento. A boca saliva, o estômago reclama, o corpo coça. Lambe-se, observa-se, mapeia os músculos mais fatigados e se questiona agora sobre o frio, pois já é noite feita, a lua se levanta. O cão se entrega ao sono e sonha que está morrendo.




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